É hora de digitalizar as cidades

Tecnologia é igual a mais serviços para o cidadão, mais investimentos, mais educação e até filas menores na repartição. Confira os 10 pontos básicos para começar a pensar em um projeto de Cidade Digital.

Por Alexandre Secco

Várias terminologias vêm sem usadas para definir os processos que visam ampliar o uso de tecnologias digitais para melhorar o relacionamento entre o poder público e os cidadãos. E-gov, Smart Cities, Cidades Conectadas e Cidades Digitais são algumas delas.

Preferimos ficar aqui com a expressão CIDADE DIGITAL, no mesmo sentido usado em Nova York, Seoul, Vancouver, Londres e outras cidades que entenderam o caminho da digitalização de uma forma ampla e panorâmica, que leva em conta a infraestrutura, a comunicação, análise de dados, desenvolvimento de negócios, políticas de open data, gestão, prestação de serviços e outras, como elementos complementares de um mesmo ecossistema.

Nesse sentido, entende-se por cidade digital: “o melhor uso possível dos recursos de comunicação digital para melhorar o grau de satisfação dos cidadãos em relação aos serviços prestados, tornar a cidade mais competitiva, ampliar a produtividade do serviço público e estimular o desenvolvimento de negócios”. Como se pode ver, vai muito além da ideia de instalar redes de banda larga e sensores de monitoramento de tráfego. O que importa é que tecnologia é igual a mais serviços para o cidadão, mais investimentos, mais educação e até filas menores na repartição.

10 ações para pensar em um projeto de Cidade Digital

1) Facilite o acesso à rede: os gestores podem trabalhar para trazer redes de dados de alta velocidade para suas regiões. Facilita o acesso do cidadão à rede e estimula os negócios que precisam de banda larga.

2) Abra o acesso às bases de dados: dar acesso às bases pública de informação estimula o exercício da cidadania e ainda por cima pode gerar negócios e serviços. Os dados sobre linhas de ônibus, por exemplo, podem ser usados para criar aplicativos que ajudam as pessoas a se locomover. As possibilidades são ilimitadas.

3) Ofereça mais serviços online: tirar as pessoas das filas de repartições e permitir que elas resolvam seus problemas do computador ou do celular deve ser um objetivo essencial em qualquer plano de cidade digital.

4) Estimule o engajamento: alguém já disse que uma cidade digital é um estado de espírito. Deve ser por que é preciso que haja envolvimento e engajamento das pessoas com o projeto para que as ideias surjam.

5) Informe: o poder público tem obrigação de estar presente na internet e nas redes sociais por uma simples razão: as pessoas estão lá. A segunda razão é que construir uma presença adequada na internet é barato e requer apenas disposição e compromisso com a transparência. Há muitas outras, portais de informação bem feitos facilitam a vida das pessoas que precisam de serviços públicos, de visitantes, turistas e investidores. Presença nas redes sociais aproxima o governo do cidadão e dá ao governante a chance real de responder e participar da vida das pessoas.

6) Construa um ambiente de negócios favorável: estamos acostumados com a ideia de negócios digitais milionários que surgiram do nada. Isso é verdade, mas também é verdadeiro afirmar que os empreendedores podem se beneficiar muito e crescer mais rápido quando vivem em um ambiente de estímulos. Um ambiente de negócios favorável vai além de estímulos fiscais. O governo pode organizar eventos para permitir que os agentes digitais se conheçam, por exemplo.

7) Educação, educação e educação: um dos principais argumentos para incluir o estudo de programação de computadores nas escolas é o baixíssimo investimento. Existem programas gratuitos para formação de professores, todos os aplicativos podem ser obtidos de graça e, de um modo geral, as crianças adoram.

8) Inclusão digital: as melhores cidades digitais do mundo não abandonam as pessoas que estão de fora. A população da terceira idade, por exemplo, tem tudo a ganhar ao aprender a lidar com computadores. Pode, inclusive, indiretamente ajudar o governo quando passa a resolver seus problemas e demandas sem precisar sair de casa. Um cidadão feliz na frente do computador e um velhinho a menos na fila.

9) Data analytics; transforme números em informações: a ideia por trás do data analytics é transformar bases de dados em conjuntos de informações úteis. O conjunto dos dados dos prontuários dos pacientes de um hospital não diz muita coisa, mas se analisado corretamente pode permitir identificar padrões e adotar, por exemplo, políticas de prevenção.

10) Monitoramento: os sistemas de monitoramento são uma parte importante e que requer pesados investimentos. São usados para prevenir pontos de alagamento, lentidão no trânsito e várias outras aplicações.

Consulte o Manual da Cidade Digital

Para saber mais faça o download do Manual da Cidade Digital, um pequeno guia que tem o objetivo de ajudar gestores públicos e cidadãos a criar um plano de trabalho para uma cidade digital, desenvolvido pelo Medialogue Digital a partir do estudo de casos de dezenas de cidades que percorreram esse caminho e das observações e experiência de nossos clientes.

Para consultar outras pesquisas e estudos da Medialogue Digital relacionados à digitalização das cidades e a atuação de prefeitos e prefeituras nas redes sociais clique aqui.

Alexandre Secco é especialista em comunicação digital e sócio-diretor geral da Medialogue Digital, empresa por trás da suíte Reputation Guardian. Formou-se em Jornalismo e Direito. Foi editor executivo de Exame e editor político de Veja, duas publicações da Editora Abril. É co-fundador da Análise Editorial, empresa brasileira referência na produção de publicações jornalísticas baseadas em data analytics. É professor de gestão de reputação digital da ePoliticSchool e líder do comitê de Marketing Político Digital da Abradi (Associação Brasileira de Agentes Digitais). É coordenador e responsável pela Pesquisa Político Digital, Pesquisa Social Cities, Pesquisa CEO 2.0 e vários estudos sobre o impacto das redes sociais na comunicação de lideranças, empresas e governos. Edita, desde 1998, o Manual de Direito Eleitoral Digital. Como consultor, trabalhou para políticos de primeiro escalão, algumas das maiores empresas brasileiras e as maiores e mais influentes ONGs do país.