Estudo da Medialogue Digital analisa como a história da mansão do ministro Toffoli acabou sendo comentada por quase 5 milhões de pessoas nas redes sociais.
Em agosto de 2016 a revista Veja publicou, em uma reportagem de capa, uma história ligando o ministro José Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal ao empresário Leo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS, um dos principais investigados na operação Lava Jato, por pagamento de propinas para obtenção de contratos em obras públicas. Em resumo, Veja relatou uma conversa na qual Toffoli pede ao empreiteiro indicações de profissionais que pudessem fazer um reparo em sua casa, que teria infiltrações. O texto cria uma atmosfera de suspeição e insinua “ligações perigosas”, mas não apresenta indícios da prática de crimes.
A Medialogue Digital monitorou e analisou a repercussão da publicação de Veja nas redes sociais a fim de entender em que medida e como a imagem de Toffoli foi atingida pelo “buzz”. Por quase duas semanas, a reportagem de Veja foi discutida e interpretada nas redes sociais, alcançando quase 4,5 milhões de pessoas, superando a circulação da revista, na casa de um milhão de exemplares. O estudo completo pode ser obtido aqui.
Segundo Alexandre Secco, sócio-diretor geral da Medialogue Digital e coordenador do estudo, as eleições americanas de 2016 mostraram que não existe mentira inofensiva na internet. “Potencialmente, qualquer mentira pode ganhar força e tornar-se verdade absoluta pelos olhos das redes sociais. Mentiras precisam ser combatidas. Até mesmo as mais absurdas”, afirma.
Os elementos de uma crise digital
Toffoli enfrentou os cinco elementos que caracterizam uma crise digital: intensa produção de conteúdos e alto índice de participação. Comentários essencialmente negativos, engajamento de blogueiros e ativistas influentes; formação de redes, envolvendo na conversa grupos normalmente alheios ao assunto, ou seja, as pessoas comuns.
O episódio enfrentado por Toffoli reúne vários dos fatores que caracterizam uma crise digital, por isso listamos resumidamente as principais lições que se pode extrair do caso para ajudara entender como essas crises funcionam e como reagir a elas.
O estudo da Medialogue Digital visa analisar a conversa online gerada nas redes sociais referente à repercussão da citação do ministro Dias Toffoli em delação do executivo Léo Pinheiro da OAS a partir de uma amostra de menções coletadas entre em agosto e setembro de 2016. A análise de repercussão de notícia é um estudo restrito a partir de um evento específico, produzido com as informações disponíveis no Twitter, no momento da pesquisa. Visa apresentar os indicadores essenciais para orientar uma resposta ou posicionamento.

As 7 lições para enfrentar uma crise digital
1) Os primeiros posts decidem o rumo de uma crise digital
Indícios, suspeitas, rumores, divagações… qualquer sinal basta para dar início a uma conversa nas redes sociais. Antes mesmo da revista Veja chegar às bancas, supostos detalhes da reportagem já circulavam e, mesmo antes de as informações de Veja estarem disponíveis, o ministro já era julgado e sua conduta discutida.
O que fazer: Embora normalmente seja precipitado entrar na conversa quando o ambiente está tomado por boatos e ilações é fundamental monitorar para identificar os argumentos mais fortes e os principais influenciadores. Normalmente, o tom que prevalecerá em toda a conversa será definido logo na saída, por pessoas que tem grande influência e alcance na rede. Em uma crise, quase sempre os primeiros posts definem o rumo de toda a conversa.
2) É tudo muito rápido
A reportagem de Veja sobre Toffoli e Leo Pinheiro foi discutida nas redes sociais por mais de uma semana. Porém, quase 50% de todos os posts e comentários foram feitos nas primeiras 30 horas, na tarde da 6af e no sábado quando a revista chegou às bancas. Geralmente, pouquíssimos assuntos conseguem manter as pessoas atentas e mobilizadas por muito tempo. Uma primeira leva de postagem simplesmente reproduzem informações. Logo em seguida, surgem milhares de comentários e opiniões. Nesse momento, a influência de jornalistas e outros influenciadores será medida por sua sagacidade, por tiradas inspiradas e sacadas. Não há espaço para reflexões e interpretações. Em uma terceira fase, um número pequeno de postagens viralizam, pouca coisa nova aparece e a conversa esfria totalmente.
O que fazer: Agir rápido e intensamente. Para a vítima, a crise é o assunto mais importante de sua vida. Para todos os demais, sua crise digital é apenas um assunto a mais. Se a decisão for entrar na conversa para apresentar versões e explicações é fundamental ter em mente que existe uma “janela” de atenção.
Para ter acesso ao estudo completo faça o download clicando aqui.
Foto Dias Toffoli: Carlos Humberto/ SCO/STF (14/08/2014)
A Medialogue Digital foi criada há quase dez anos com o propósito de oferecer serviços de comunicação digital associando tecnologia com a melhor tradição do jornalismo. Já trabalhamos ao lado de presidentes, ministros do Supremo, CEOs, prefeituras, empresas listadas entre as maiores do país e algumas das mais influentes ONGs brasileiras. Para baixar outras pesquisas visite o nosso site.
Alexandre Secco é especialista em comunicação digital e sócio-diretor geral da Medialogue Digital, empresa por trás da suíte Reputation Guardian, e líder do comitê de Marketing Político Digital da Abradi (Associação Brasileira de Agentes Digitais), Como consultor, trabalhou para políticos de primeiro escalão, algumas das maiores empresas brasileiras e as maiores e mais influentes ONGs do país.